12 de maio de 2010

Ser Ou Não Ser de Ninguém

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta
os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" dirigem-se aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom? Claro que é! Manter-se sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é otimo? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois? Será que os grupos "tribalistas" se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".

Agir como "tribalista" tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está a namorar mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver a beijar outra, etc., etc., etc.

Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Curtir, é também coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada pelos seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão a namorar. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?

A nova geração prega liberdade, mas acaba por ter visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", olha somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso a comer pipocas com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçar os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, fazer sexo por amor, ter alguém para fazer e receber carinhos, um colo para chorar, uma mão para enxugar as lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".

Podemos aprender amar a se relacionar. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo, não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.


Arnaldo Jabor

2 comentários:

nana book disse...

eu simplesmente amei este blog super criativo, real e romântico na medida certa. Ele é muito perfeito para garotas, primeiro por que ele trata da realidade dos 'tribalistas' de se entregar e se envolver, namorar e amar alguem, todo mundo sofre um dia, mas só aprendemos a viver dessa forma (: e nossa amei demais mesmo, hihi :*

menina disse...

ow menina.. vooç manda mto bem.. adorei xD

Bjus se cuida linda